quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A TIRANINA DO VAZIO III - O LEPROSO


LEVÍTICO 13: 44-46, 12, 13

44
Leproso é aquele homem, imundo está; o sacerdote o declarará totalmente por imundo, na sua cabeça tem a praga.
45
Também as vestes do leproso, em quem está a praga, serão rasgadas, e a sua cabeça será descoberta, e cobrirá o lábio superior, e clamará: Imundo, imundo.
46
Todos os dias em que a praga houver nele, será imundo; imundo está, habitará só; a sua habitação será fora do arraial.




12
E, se a lepra se espalhar de todo na pele, e a lepra cobrir toda a pele do que tem praga, desde a sua cabeça até aos seus pés, quanto podem ver os olhos do sacerdote,
13
Então o sacerdote examinará, e eis que, se a lepra tem coberto toda a sua carne, então declarará o que tem a praga por limpo; todo se tornou branco; limpo está.






A terrível praga chamada lepra. Um dos maiores males que poderiam visitar o povo de Israel, era a lepra. Vergonha, separação, alienação, preconceito, estigma, solidão, vazio e o valor próprio esmagado era o que caracterizava o leproso.


O texto que lemos retrata que a pessoa que está imunda, não é gentio, pagão; é sim, um dos filhos de Deus, um dos que fazem parte dos chamados para ser povo de Deus. Porém, esse filho de Abraão está em tremendo desespero e com muita dor e sofrimento – ele tornara-se leproso -, e todos sabiam que naquela época era difícil ser curado daquela enfermidade.


Agora, a lepra é tipificada nas Sagradas Escrituras como pecado. Pecado é ser separado de Deus. A lepra encontrou uma forma de se introduzir no meio do povo de Deus. Isso significa que o pecado pode surgir no meio das pessoas que chamam Jesus de Senhor e Salvador. Pode acontecer comigo e com você.


A Lei declarava que o leproso estava imundo; o Sacerdote assim ia declarar e dizer que a sua praga está sobre sua cabeça. Em outras palavras, seria um ser estigmatizado pela sociedade, longe de seus familiares e até dos ambientes religiosos. Até as vestes seriam rasgadas em confirmação da exclusão do indivíduo.


Não sei o que levou esse indivíduo a ser consumido de lepra, mas ao fazer a tipificação da lepra/pecado, posso dizer que essa lepra de hoje estraçalha as "roupagens" de justiça que homem possa ter. Ele rasga a Graça em nós, nos faz despir da verdadeira humanidade que temos, despedaça nossa existência e aniquila o amor, a sinceridade e a verdade.


Imaginem a lepra da mentira, da infidelidade, da usura e do ódio acometendo famílias? O desastre e a fragmentação que daí decorre?


Na verdade, essa lepra nos torna nus aos olhos de todos.


Essa percepção da nudez foi Adão quem primeiro teve: "...porque estava nu, tive medo e me escondi". O vazio interior de homens leprosos que se escondem de Deus.


Fiquei chocado quando li que até os cabelos são desgrenhados. Não poderia haver dignidade mais nesse ser humano; "Cobrirá o bigode", sem fala, sem testemunho, sem voz, mudo, calado. O pecado tira do ser humano o verdadeiro grito de liberdade, não apenas isso, mas também o verdadeiro louvor.


Ele não é mais um ser humano, é uma coisa, um ser repugnante. Sua única opção era ouvir: "Imundo! Impuro! Leproso!


Sabe porque existem tantas pessoas enlouquecendo? Pessoas se suicidando? Homens e mulheres com vazios existênciais terríveis!?


É porque no fundo de sua alma, em suas consciências, eles ouvem: Imundo! Imundo! E a partir dai, tornam-se pessoas susceptíveis ao suicídio, a depressão, a esquizofrenia e toda sorte de idiossincrassias.


A forma mais simples de dizer o que o texto quer dizer é o seguinte: O PECADO NOS MACULA E NOS TORNA OCOS EM NÓS MESMOS!


Será que à semelhança de Adão e Eva os homens não estão escondendo-se de Deus para não expor suas lepras??? Creio que sim, pois o encontro com o Eterno implicará em olharem para dentro de sí mesmo e verem as doenças que habitam e mesclam seus espíritos. Nem todos estão aptos para olharem para dentro de si.


Creio que somente quando admitimos culpas, pecados, inclinações é que damos um passo rumo à libertação e desaprisionamento.


Sabemos que podemos estar na Igreja, no meio do povo de Deus, na mesa da comunhão e mesmo assim não participarmos do Reino de Deus. Dentro da igreja mas fora do Reino. Isso é triste. O leproso não tinha comunhão com ninguém, estava só; espiritualmente, não se tem comunhão nem com Deus - lugar da mais pura solidão - .


Podemos ser bons cantores, oaradores, pregadores, músicos; mas Deus conhece a impureza que habita em nós. Deus sabe onde está localizado a lepra. Ele sabe e também deseja nos tornar sãos.
"Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação", glória a Deus! Louvado seja o nome de Jesus! Instituiu-se a lei da purificação!


E há todo um rito especial para a purificação. O Sacerdote examina o leproso e após constatar que toda a pele está contamindada, o sacerdote o declarará limpo. Isso só acontece depois que o sacerdote o examina minuciosamente. Isto é, nada mais a esconder; tudo tem que ser exposto, vir à tona.


Quando os erros e as trangressões são expostas à luz da verdade, você se torna limpo. Quando se admite culpas e essas culpas são arrancadas do lado de dentro para fora, o leproso se torna limpo.
O Sacerdote, todos sabemos quem é...Jesus. Ele é o nosso Sumo Sacerdote diante de Deus e também nosso Advogado; Seu sangue nos purifica.


Poderia continuar a falar sobre o rito da purificação e seu significado atual para todos nós, mas paro aqui. Deixo apenas a reflexão de que não há tirar esse vazio do homem enquanto não houver um encontro com Àquele que absorveu lepras e toda imundície na cruz do Calvário.

Não digo "igreja", digo um encontro com Jesus Cristo.


Pensem nisso.

Fábio Menen

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