quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

ENTREVISTA DE CAIO FÁBIO À REVISTA CONTEMPORÂNEA


CONTEMPORÂNEA - Por que acreditar em Deus?

Caio Fábio - Porque como poderei crer em mim mesmo se não creio no Sentido de minha vida em Deus? Além disso, crer em Deus é crer na vida. E mais: crer em Deus é poder andar sob a maior força desta ou de qualquer existência: o poder da fé. Eu, todavia, só creio em Deus porque Ele creu em mim e a mim se revelou por pura Graça e bondade. Sem fé mesmo, o que existe em relação a Deus é a "crença vazia" em um Deus que, para o homem, existe apenas por uma questão de "normalidade social e psicológica"; mas, tal crença, não nos põe na cara de Deus mesmo.

CONTEMPORÂNEA - Nos EUA, na capital americana, recentemente, e na Inglaterra, existiram campanhas publicitárias de não crença em Deus. Para os ateus, um mundo sem qualquer tipo de religião é possível. A que você atribui essa descrença crescente no mundo?

Caio Fábio - Atribuoa à loucura da religião. A religião, com seu "Deus" de guerras e divisões faz muito mal à humanidade. De fato, as pessoas que assim se portam em relação a Deus - lutando contra a ideia de Deus -, não fazem oposição a Deus mesmo, mas apenas à Sua representação, ao Seu "retrato falado" descrito equivocadamente pela religião, cujo Deus é, apenas uma projeção dos valores morais do grupo religioso que diz representar a Deus na terra. Quem tem um mínimo de conhecimento histórico sabe do que eu estou falando.

CONTEMPORÂNEA - Que tipo de fé e concepção espiritual sobre Deus você defendeu e defende nestes últimos 33 anos como pregador?

Caio Fábio - A mesma de Jesus, que disse: "Quem me vê a mim, esse vê o Pai!" Deus é a cara de Jesus. É meigo como Jesus. É amor como Jesus. É simples como Jesus. É amigo de pecadores como Jesus. É distante da religião como Jesus. Deus é Jesus e Jesus é Deus. Quem quiser saber como Deus é, olhe para Jesus, conforme os evangelhos O apresentam.

CONTEMPORÂNEA - No mundo moderno, segundo importantes centros de pesquisas, cerca de 98% da populção mundial acredita em Deus. Mas, ainda assim, o fato em si de acreditar não eximiu o ser humano de praticar guerras, violência urbana, fome, drogas, injustiças sociais e econômicas. Por que?

Caio Fábio - Porque o "Deus" do mundo é religioso. Ora, religião é política, é partido, é fenômeno humano e se alimenta de interesses humanos, tanto econômicos quanto políticos. O "Deus da religião" divide e faz guerra. Não dá para haver paz no mundo se o maior poder entre os homens, o de Deus, é visto como uma força ideológica, que afirma uns e dana ao inferno os diferentes. O espírito religioso, quanto mais fundamentlista seja, mais diabólico o será na produção de guerras e divisões entre os homens.

CONTEMPORÂNEA - Até que ponto o Cristianismo da época de Jesus ao Cristianismo de hoje preserva sua essência original?

Caio Fábio - Jesus não fundou o Cristianismo. Ele não criou nada disso que ai está. O Cristianismo é uma criação do Império Romano cooptando a "Igreja" a fim de fortalecer o Império que se esfacelava aí pelo 4º Século. O mais foi feito em nome de Jesus, mas não tinha e não tem qualquer relação com o que Ele ensinou no Evangelho. Tudo isso é um grande estelionato!

CONTEMPORÂNEA - Qual é, afinal, a saída para as possíveis distorções que o Cristianismo, na sua essência sofreu nos últimos dois mil anos?

Caio Fábio - O Cristianismo não tem salvação. Não há promessas de Deus para a religião. Nos dias de Jesus os piores inimigos foram os fanáticos religiosos. Não foram os Romanos que mataram a Jesus. Foram os religiosos judeus que assim decidiram. Pilatos foi o mero executor. Jesus, portanto, nunca fez planos acerca de nenhuma religião. E ensinou que não se pôe remendo de pano novo em vestes velhas. O Cristianismo, como fenômeno humano e religioso, não tem cura. Há milhôes no Cristianismo que conhecem a Deus pessoalmente, mas isso nada tem a ver com o Cristianismo, mas apenas com a fé simples de tais pessoas na pessoa de Jesus. Por isto, não tenho sugestões a fazer ao Cristianismo.

CONTEMPORÂNEA - O crescimento da fé protestante no Brasil é uma realidade nas últimas décadas. Como você, um homem que conhece bem e este universo, vê tudo isto? O que existe de bom e de errado?

Caio Fábio - De bom? Ora, existem pessoinhas queridas conhecendo a Deus. De mal? De mal é a coisa toda. Vejo tudo isso como um inchaço sem alma e sem entendimento. A maioria dos "evangélicos" mais recentes são totalmente pagãos em suas crenças e em sua visão acerca de Deus.

CONTEMPORÂNEA - Qual a sua opinião sobre pastores que abandonam a vida eclesiástica para militarem em outro campo, o político?

Caio Fábio - Em geral são uns oportunistas que nunca tiveram vocação pastoral mesmo. E quando obtiveram eleitores em quantidade suficiente, correram para o poder que sempre almejaram e invejaram. Vejo tudo como um descalabro, e, entre esses, conheço um ou dois que não tenha se corrompido por completo.

CONTEMPORÂNEA - O que, exatamente, você chama de "graça divina", termo que com frequência é usado por você onde quer que você pregue?

Caio Fábio - Graça significa "favor imerecido". A Graça é como Deus se relaciona com o homem. Sim! Não por méritos do homem, mas exclusivamente em razão de Deus ser amor.

CONTEMPORÂNEA - Qual o papel fundamental da igreja cristã no mundo, que vive obscurecido por inúmeros desafios, que vão desde gravíssimos problemas climáticos a crises financeiras?

Caio Fábio - A Igreja Cristã deveria apenas se converter ao Evangelho, esquecendo-se de si mesma, pois, a "Igreja Cristã" no Ocidente da Terra foi a maior promotora daquilo que hoje nos sufoca. Somente duvida disso que não conhece a História.

CONTEMPORÂNEA - Como cristão, você é a favor de uso de células troncos para o tratamento de células degenerativas, como, por exemplo, mal de Alzheimer?

Caio Fábio - Sim! Para tratamentos dessa natureza sou a favor. Mas sei que não ficará ai, e que, em algum tempo, o mundo do Dr. Frankenstein aparecerá, posto que o homem não consiga ficar sem realizar tudo o que possa em qualquer que seja o campo do saber. E, no caso da engenharia genética, o potêncial para a loucura, mexendo nas entranhas da vida, é sem termo de comparação com qualquer outra forma de mal e de intervenção.

CONTEMPORÂNEA - Por que apesar do espantoso reconhecimento no meio evangélico, você nunca se propôs a abrir uma igreja?

Caio Fábio - "Igreja" para os "evangélicos" é um prédio cheio de gente. Para mim, conforme os evangelhos, a Igreja é gente cheia de Deus. Ora, nesse sentido do Novo Testamento, não fiz e não faço outra coisa senão abrir igrejas nas almas humanas desde sempre.

CONTEMPORÂNEA - Qual a sua visão sobre a Igreja protestante brasileira hoje?

Caio Fábio - Um ente do passado, sem significado no presente e sem projeto e proposta para o futuro.

CONTEMPORÂNEA - Por que no meio evangélico, haja a vista a confissão de uma só fé, existem tantas denominações?

Caio Fábio - Porque entre os "evangélicos" existe tudo, menos uma só fé. Os "evangélicos" têm tantas "fés"quantos "pastores" e "apóstolos" existam. E cada um anda não conforme a fé, mas conforme o "nicho"; ou seja, conforme o que dá certo para reunir gente, poder, dinheiro e influência. Entre os "evangélicos", se der certo não precisa estar certo.

CONTEMPORÂNEA - Hoje a busca espiritual em todo o mundo é uma coisa inegável. Entretanto, ao que parece a ideia sobre religião e Deus são coisas distintas diante de tanta confissão de fé e tão pouco senso de humanismo no ser humano. Por que isso acontece?

Caio Fábio - Sim! A busca humana é cada vez mais por espiritualidade e menos por religião. Se for assim, ótimo; posto que o Evangelho não seja religião, mas cminho espiritual, vereda de espiritualidade no coração da vida.

CONTEMPORÂNEA - Existe, na sua opinião, alguma coisa de cunho espiritual na crise financeira mundial?

Caio Fábio - Tudo! Esta crise é filha do pecado, da ganância, do dinheiro virtual, da força agregadora da Grande Babilônia, que é o sistema que ai está.

CONTEMPORÂNEA - De modo pardoxal, na região do Oriente Médio, um lugar que se professa o nome de Deus ou Alá de form tão veemente, as pessoas vivem em constantes conflitos e guerras. O que você, como cristão e pregador, pensa sobre isso?

Caio Fábio - Já disse. Lá existem religiões monoteístas, mas não Deus. Deus é amor. Onde há guerras, pode haver tudo, menos Deus.

CONTEMPORÂNEA - O que é o Caminho da Graça?

Caio Fábio - É um movimento simples de fé conforme tudo o que acima eu disse: algo que seja apenas evangelho e sem doutrinações de homens. O Caminho da Graça é um movimento de busca de experiência simples de fé em Jesus, sem os dogmas perversos da religião. Para nós, se está no Evangelho nos serve. Se não está, nada queremos.

CONTEMPORÂNEA - Se você, digamos, encontrar um sujeito, e ele perguntar qual o motivo central para se tornar um discípulo de Jesus, você diria o que para ele?

Caio Fábio - Diria que ele foi feito por Deus e para Deus, e que o Evangelho é a única alternativa de vida aqui e além para quem deseja apenas ser de Deus sem complicações e sem ficar nas mãos de homens e de sistemas.

CONTEMPORÂNEA - Como, exatamente, Caio Fábio define Caio Fábio? (como cristão, pregador, ser humano, cidadão, escritor; escolha uma alternativa).

Caio Fábio - Sou apenas um homem que creu no Evangelho e que não tem duas caras e nem duas vidas; e a que tenho é toda para o Evangelho.

CONTEMPORÂNEA - Quem é Deus para o Caio Fábio?

Caio Fábio - Deus é amor, conforme em Jesus o amor se manifestou!

Fábio Menen

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